O Ministério de Saúde confirmou nesta terça-feira (9) que o Piauí registrou o primeiro caso de Febre do Nilo no Brasil. O caso estava sendo investigado desde agosto deste ano, quando o agricultor Francisco Raimundo de Lima apresentou encefalite e foi notificado como caso suspeito. A doença foi confirmada por meio de teste sorológico reagente para o vírus do Nilo Ocidental-VNO (IH e ELISA). De acordo com a coordenadora de epidemiologia da Secretaria Estadual de Saúde, Amália Costa, o paciente que reside na zona rural de Aroeiras do Itaim, Sul do Piauí, foi infectado pelo vírus.
Outras quatro pessoas apresentaram sintomas neurológicos considerados suspeitos, no entanto, os exames laboratoriais descartaram a possibilidade de febre do Nilo. Além dos casos que apresentaram sintomas, foram realizados testes em mais 18 pessoas da região e todos os resultados deram negativo.
Em nota, o Ministério da Saúde ressalta que o caso trata-se de evento isolado, sem identificação de cadeia de transmissão e que passa por investigação detalhada para que se busque esclarecer a maneira de transmissão. A nota diz ainda que o registro não representa significado epidemiológico relevante para o Brasil e nem risco para saúde pública do Piauí.
"A viremia em homens e outros mamíferos é breve e de baixa intensidade, considerada insuficiente para infectar mosquitos. Os hospedeiros naturais do vírus são aves silvestres", diz o comunicado do Ministério da Saúde. O paciente, que estava internado no Instituto de Doenças Tropicais Natan Portela, em Teresina já teve alta e atualmente passa por reabilitação e fisioterapia para recuperar o seu estado de saúde.
Segundo Amália Costa, o paciente passou por três pesquisas virais para se comprovar a presença do vírus causador da doença.“Os exames foram realizados ainda no mês de agosto quando o paciente deu entrada no Hospital Natan Portela. Na época ele apresentava dores de cabeça, febre e rigidez no músculo e uma possível infeção”, relatou Amália Costa.
A doença
A febre do Nilo Ocidental é uma infecção viral causada por um vírus e transmitida por meio da picada de mosquitos comuns, principalmente do gênero Culex. A doença é originária do Egito, norte da África, e cerca de 80% dos casos em humanos não apresentam sintomas. Apenas 20% dos casos apresentam sintomas semelhantes aos da gripe, como febre, fadiga, dores de cabeça e dores musculares ou articulares, e menos de 1% dos humanos infectados ficam gravemente doentes, sendo que a maioria dos casos graves acomete idosos.
Os sintomas graves incluem febre alta, rigidez na nuca, desorientação, tremores, fraqueza muscular e paralisia. As pessoas gravemente afetadas podem desenvolver encefalite (inflamação do cérebro) ou meningite (inflamação das membranas do cérebro ou da espinal medula). Não existe tratamento específico para a Febre do Nilo. O tratamento do paciente infectado é de suporte e envolve hospitalização, reposição intravenosa de fluidos, suporte respiratório e prevenção de infecções secundárias.
Controle
Equipes do Ministério da Saúde e da Secretaria Estadual de Saúde do Piauí ainda estão na região onde o caso foi confirmado. O trabalho consiste em visitas as propriedades rurais, com o objetivo de investigar a possível ocorrência de novos casos, além de orientar a rede do SUS e avaliar a transmissão por meio da população animal de equídeos e aves.
Para as outras regiões do país, a recomendação do Ministério da Saúde é alertar a rede de serviços de saúde para ampliar a vigilância de casos humanos suspeitos da febre, notificando o Ministério de Saúde em até 24 horas. É considerado caso suspeito, paciente com quadro de doença febril inespecífica, acompanhada de manifestações neurológicas de causa desconhecida (compatíveis com meningite, encefalite ou meningoencefalite).
G1 PI
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